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quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

 

Nunca te disse adeus...




Uma manhã, quando tinha seis...sete anos, peguei numa taça de cristal, quase do tamanho de um prato...A minha mãe dissera-me milhões de vezes que não lhe tocasse, mas era tão linda e eu desejava passar os dedos sobre os seus desenhos delicados. A taça estava, desde que eu me lembrava, no centro da mesa de vidro.
Peguei na taça e fiquei maravilhada com todas aquelas cores que dela saiam. Quando a inclinei , para a observar melhor, escorregou-me dos dedos. Tentei apanhá-la, mas era tarde demais. Bateu no chão e estilhaçou-se.
- Ana Maria!!! - gritou a minha mãe do seu quarto.
Corri e precipitei-me para o meu quarto e rastejei para debaixo da cama. Embora não visse a minha mãe, conseguia ouvir o som dos seus sapatos contra o chão de madeira e o ritmo enfurecido dos seus passos fez-me encolher ainda mais para perto da parede.
Ela chamou por mim repetidamente, mas eu permaneci tão imóvel quanto possível. Quando entrou no meu quarto e parou junto da cama ouvi a minha avó perguntar-lhe o que acontecera. A minha mãe contou-lhe que eu havia partido a taça e a avó respondeu que não tinha sido eu, que ela a deixara cair enquanto a limpava. Não acreditei no que ouvia. A minha avó sempre me dissera que os mentirosos iam para o inferno quando morriam.
- Foi a mãe que a partiu? - perguntou a minha mãe.
- Fui. Estava a limpar o pó à mesa. Foi um acidente. Já lá vou limpar aquilo - respondeu a minha avó.
Passado um bocado, a minha cama rangeu com o peso de uma pessoa. Levantei um pouco a colcha azul e vi os chinelos castanhos da minha avó. Rastejei para fora da cama e sentei-me ao lado dela. Como sempre o seu cabelo cinzento estava apanhado num rolo atrás da cabeça. Não parecia zangada.
- Mentiste, avó - disse-lhe.
- Menti.
- Deus não vai ficar zangado contigo.
- Porque não? - perguntou ela, erguendo uma sobrancelha.
- Porque me salvaste.





Sei que estás num lugar bonito na companhia do avô. Que saudades do Alentejo da minha infância... que saudades do cheiro daquela terra alentejana... dos seus sabores...e o teu rosto...tão bonito...como eu gostava de ficar a olhar para ti, à noite, enquanto penteavas o teu longo cabelo...
:: * Eu ouvi um passarinho*

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quarta-feira, dezembro 05, 2007