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terça-feira, 2 de junho de 2009

 

Saudações


Diariamente, abraçamos os amigos mais íntimos, beijamos os nossos familiares e apertamos a mão às pessoas conhecidas. À partida, poderiam parecer gestos banais, rituais praticamente despidos de conteúdo, mas, por detrás disso, há todo um mundo por descobrir.
Repetimos, de forma automática e maquinal, as expressões transmitidas pelos nossos pais, que as aprenderam, por sua vez, dos respectivos progenitores. Mais do que isso, segundo Charles Darwin, podemos afirmar que algumas das saudações que fazemos todos os dias (como outras expressões não verbais) são consequência do nosso instinto animal.
Os chimpanzés abraçam-se, fazem vénias e apertam as mãos. Todavia, ao contrário dos outros primatas, a evolução social e cultural do Homem acabou por modificar alguns desses padrões ao longo dos séculos.



Esse desenvolvimento acabou por agrupá-los em duas categorias: de respeito, para sublinhar as diferenças de poder, e de solidariedade, para exprimir mensagens de amizade, entre iguais.
Os primeiros gestos de saudação foram utilizados na Pré-História pelos homens que tinham sido escravizados. O mais forte tinha o poder de pôr fim à vida de quem se submetera, de modo que este último deitava-se simbolicamente no chão, como se estivesse morto.
Em suma, seria a imitação do cadáver, uma postura que irá evoluir, mais tarde, como o escravo a "pôr-se de gatas" diante do seu amo e, posteriormente, de joelhos.
Quanto aos gestos físicos dedicados a pessoas do mesmo nível, o repertório histórico é extenso. Graças aos textos do grego Heródoto, "pai" da história e da etnografia, sabemos que os persas da mesma classe social se saudavam com um beijo na boca. Em contrapartida, no Antigo Egipto, os homes costumavam tocar no joelho, ou mesmo no chão, com as costas da mão direita. Esse hábito foi, mais tarde, retomado no mundo bizantino, depois no mundo cristão oriental e, finalmente, converteu-se num rito, que continua a ser utilizado pela igreja Ortodoxa.
Na Europa medieval, as pessoas de estatuto semelhante costumavam beijar-se na face e dar a mão, embora os homens também tirassem o chapéu e as mulheres simulassem uma vénia.
Seja como for, e como se verifica em muitos outros aspectos da existência, foram os gregos e os romanos que estabeleceram as bases deste idioma sem palavras, no mundo ocidental.
Ambas as civilizações praticavam quase as mesmas formas de saudação, das quais se destaca o hábito de apertar a mão.


Um outro tipo de saudação é o braço estendido, de sinistra memória.
O responsável pela sua instauração moderna foi Benito Mussolini, que proibiu, ao chegar ao poder, o aperto de mão (considerava-o "um gesto burguês"), a fim de ser substituído pela saudação romana, "mais higiénica, mais bela e mais prática". Foi de imediato importada pela Espanha de Franco e pela Alemanha de Hitler, acabando por também ser usada pela Mocidade Portuguesa. A saudação nazi tinha ainda uma capacidade de persuasão extraordinária, pois conseguia transmitir "a fé no poder messiânico do Fuhrer".



Não devemos esquecer nem subestimar o poder destes gestos.




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cat128.gif Colocado por delta   


terça-feira, junho 02, 2009

Comentários:


Na era das grandes civilizações do mundo antigo, os subordinados ainda tinham de se ajoelhar no chão e beijar a mão da pessoa de categoria superior.
Depois, essa reverência tornou-se mais suave, mas a ess~encia não mudou. Até há poucos séculos, o homem de categoria inferior ainda tinha de descobrir a cabeça e inclinar o tronco, enquanto as mulheres flectiam ambos os joelhos.
Em muitas das saudações contemporâneas, é possível vislumbrar sinais inequívocos da hábitos antigos de culturas caracterizadas por rígidas distinções sociais.

Os cidadãos dos países orientais inclinam acentuadamente a cabeça e juntam as palmas das mãos, um costume que poderia remontar aos tempos em que o escravo entregava as mãos ao amo.

:)

Saudações Leoninas!!!!

 

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Em Portugal ainda há dessas tradições. Há um séquito de pessoas que à passagem do Sócrates abaixam as calças.

 

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Olá dojaya :)

Podemos ainda falar mais um pouco sobre a Roma Imperial onde se registavam curiosas variantes. Todas as manhãs, nas casas mais abastadas, decorria a "solutatia matutina", uma cerimónia durante a qual o "pater" familias recebia os seus clientes (dependentes), os quais lhe solicitavam favores e benesses, depois de o homenagear com a mais ferverosa das saudações.
Muito menos obsequiosa era a saudação que as mulheres recebiam dos membros masculinos da família: o "icus osculi", beijo que servia para os homens se certificarem de que as esposas não tinham bebido vinho :)
Essa bebida era proibida às mulheres e a desobediência podia acarretar a pena de morte.

 

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Continuamos? :))

No mundo greco-romano, foi também criado o costume de erguer o braço, embora estivesse muito menos difundido do que os realizadores de cinema nos fizeram crer. Ao que parece, essa situação tinha diversos significados, entre os quais se destacava o de desejar bons auspícios. Permitia também aos homens que se iam encontrar perceber que nenhum dos dois ia armado.
Este último motivo explica o facto de se levantar a mão, em quase todos os recantos do planeta, um gesto que continuamos a fazer sem pensar no significado primitivo.

É por essa razão que o guerreiro masai enterra a lança no chão, para ficar desarmado, ou que o cavaleiro medieval tirava as luvsas de ferro e estendia a mão direita ao interlocutor, a mesma que teria usado para desembainhar a espada.

E é precisamente dos tempos medievais que provém o gesto precursor da saudação utilizada pelos militares. A continência poderá derivar do hábito que os cavaleiros tinham de erguer a viseira para serem reconhecidos pelos seus camaradas.
Poderá também remontar ao tempo dos Bórgias, uma época em que eram frequentes os assassínios.
Pelos vistos, nessa época turbulenta, quando um homem se aproximava de outro, era costume que o fizesse com a mão na testa, para demonstrar que não levava punhais.

Amanhã há mais :))

 

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Não sou grande apreciadora da historia clássica mas cá vou aprendendo com vocês.
Deixo um abraço e saudaçoes leoninas à Delta e ao dojaya

 

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Boa noite delta :))
Partilho da mesma opinião da nossa amiga bitu. Eu tambem sou uma nulidade quanto a História Clássica mas não quero sair daqui sem comentar. :))
Sei que em alguns países existem formas de saudar diferentes das vulgarmente usadas no Ocidente. E alguns dos nossos gestos podem-se tornar ofensivos em certos lugares. Foi o que aprendeu à sua custa Silvio Berlusconi ao beijar a mão de uma mulher turca, o que foi considerado um ultraje por alguns grupos islâmicos. A própria mulher retirou a mão, deixando o 1º Ministro italiano numa situação difícil.

E já agora deixa-me que te diga que este nosso amigo dojaya parece ser um expert na matéria. Quanto aos teus conhecimentos, nem se fala.
Parece que tens aqui um "adversário" à altura :)) Este dá luta, ou não?

E para finalizar esta minha modesta participação queria apenas dizer ao Nuno que espero que esse "baixar de calças" seja uma nova forma de protesto face ao nosso caríssimo 1º Ministro :)

E viva o Benfica!!!

 

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Delta e Dojaya

Penso que o acto de estender o braço em jeito de saudação terá mais a ver com o gesto primitivo de estender o braço para fora da gruta para ver se chovia, ou seja a matrona dizia ao folião que queria "conversa" entre palhas:

«Vai ver se chove!»

E ele, na sua santa ignorância, ia ver se chovia! Como eram muitos que tinham o braço de fora nessa altura ainda hoje o homem continua a fazer o mesmo.

Paulo

Os baixadores das calças estão agora na expectativa. Daqui a alguns meses já se saberá quem será o novo rei cá do burgo e até pode ser que o baixar de calças seja mais subtil pois em vez de um rei pode ser uma rainha. Seca, mas rainha!

E já somos dois, viva o Glorioso!

 

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Paulo

Como já deves ter reparado, nem sempre é fácil comentar alguns temas da delta. Por vezes há que pesquisar um pouco sobre o assunto, como neste caso, por exemplo, para poder comentar com "consistência".

Pelo menos foi aquilo que fiz.
E como sei que a delta gosta de uma boa "palestra", porque não?

Por exemplo, este nosso amigo Nuno trouxe-nos uma nova prespectiva sobre o braço estendido.
"Vai ver se chove!" é uma frase batida mas eu sabia lá que era fruto de "conversas" entre palhas!!! :))
Estamos sempre a aprender :))


Ainda outro dia passeava por alguns blogues quando dei de caras com um desenho que explicava a razão porque os Homens das Cavernas arrastavam as mulheres pelos cabelos. E foi então que compreendi que aquele acto até tinha uma certa lógica. :))

 

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Delta não podemos esquecer aquelas saudações com conotação política e reivindicativa.

Lembrei-me de um pequeno episódio que se passou nos Jogos Olímpicos do México, em 1968.
Refiro-me ao punho cerrado dos partidos de esquerda europeus.
Nos Estados Unidos, o punho cerrado foi adoptado pelo Black Power, o movimento em prol dos direitos civis dos negros, como mostraram ao mundo os atletas norte-americanos Tomie Smith e John Carlos, medalhas de ouro e de bronze na final dos 200 metros.

As câmaras registaram o desafio mudo quando subiram ao ódio, o qual lhes valeu a expulsão da cidade olímpica.


Há várias hipóteses quanto à origem dessa saudação, mas talvez a mais sugestiva seja a que afirma que se trata de um símbolo, pois os dedos, como os oprimidos, são fracos quando estão isolados, mas têm grande força quando se juntam.

Uma boa noite para todos

 

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Saudações gloriosas para todos!

Dojaya muito agradeço essa tua dica :)

A nossa amiga delta, de vez em quando, prega-nos partidas assim e eu confesso que me vejo à nora para comentar.


Andei a pesquisar como disseste mas olha que não foi nada fácil. Mas aqui vai:
Os habitantes do Tibete saudam os visitantes mostrando a língua (será que também dizem, Ahhhhhhhhhh?), os esquimós e os maoris esfregam o nariz contra os nossos (salve seja) - Deve ser cá uma troca de fungos e fluídos quando estão com a pingadeira! :) Ou então há disputa pelo macaco alheio!!! - esse macaco é meu!!! Não é nada!!! Esse é do gajo que cumprimentei antes!!!

E depois temos o pessoal do Cáucaso que se tocam nas ancas com ambas as mãos. Cá para mim são apalpadelas por isso tomem cuidado quando passarem no Cáucaso podem ser apalpados num gesto de cortesia. Tá bem abelha!!! Ainda se for apalpado por uma gaja boa a coisa até vai.


Nuno não sei se alguém consegue tirar esse gajo do poleiro. Cá para mim era bem mandado para o Cáucaso. Se calhar até ele próprio baixava as calças para mostrar como o povinho aqui da santa terrinha faz e falava: Podem apalpar à vontade. Não tenho nada a esconder" :) Quanto à possibilidade de virmos a ter uma rainha seca, porque não? Sempre era uma mais valia para a nossa economia. A venda de leite em pó disparava :)

Dojaya hás-de explicar melhor essa lógica de os homens arrastarem as mulheres pelos cabelos. Já procurei visualizar a cena de diversas formas, que é como quem diz, segurar outras partes da mulher e arrastá-la mas ainda não dei com a coisa :)


Minha querida delta ao ler aqui "palestras" e "conversas entre palhas" não pude deixar de recordar um tema teu em que falavas das "conversas entre lençóis" :) Mesmo com este calor todo ainda conversas muito? :)

 

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Regressado de umas merecidas e muito frescas férias, constato que por aqui o pessoal ainda não regressou :)

Já que não tem havido mais nenhum tipo de saudações então da minha parte, uma vez que não me ocorre mais nenhuma, Saudações Gloriosas para todos e que aproveitem bem essas férias.

 

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Boa noite Paulo :)

Pelos vistos o pessoal anda mesmo em férias.

Espero que as tuas tenham sido óptimas... quanto a mim, apenas tirei uns dias, pouca coisa :) e no que diz respeito às saudações muito ainda haveria para contar...
Apenas queria aqui referir mais um caso e assim finalizamos este tema :)

Trata-se da saudação mais sombria da época romana, dedicada ao imperador Cláudio, no ano 52, pelos homens escolhidos para travar um combate naval numa macabra diversão oferecida aos cidadãos. Os infelizes gritaram o célebre " Ave imperator, morituri te salutant":

"Salve imperador,aqueles que vão morrer saudam-te".

 

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